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Fieis cantam para Papa com palavrão em camiseta em campanha para pacientes com câncer

Coral que luta para desmistificar vida de pessoas com a doença usou a expressão "f...-se o câncer" nas roupas em apresentação dentro do Vaticano nesta quarta (8). Grupo é de província na Itália que registra casos de tumores relacionados à exposição ao amianto expelido de uma fábrica da região.

Um grupo de fieis inusitado ocupou as primeiras filas da audiência semanal com o Papa Francisco no Vaticano nesta quarta-feira (8).

Vestindo camisetas com um palavrão, 30 integrantes de um coral italiano se apresentaram para o pontífice, que estava há cerca de 40 metros de distância, mas com uma boa causa por trás. Eles fazem parte de um grupo de música chamado "Coral f...-se o câncer", que busca normalizar a vida de pessoas com câncer.

"Sabemos o que (o palavrão) significa, mas essa palavra foi escolhida pelos próprios pacientes para mostrar que há a possibilidade de viver com câncer de uma forma humana, todos juntos", declarou a oncologista Federica Grosso, uma das fundadoras do coral.

O coral é da província de Alexandria, na região do Piemonte, onde há mais casos que a média de mesotelioma, um tipo de câncer causado pela exposição da população local ao amianto que era expelido de uma fábrica na província.

O grupo, que prepara um musical com histórias de sobreviventes da doença, cantou no início e no encerramento da audiência comandada pelo pontífice, na Praça São Pedro.

Francisco não se manifestou diretamente sobre os dizeres nas camisetas dos cantores.

Por g1 - https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/06/08/fieis-cantam-para-papa-com-palavrao-em-camiseta-para-campanha-de-pacientes-com-cancer-assista.ghtml

CONVENÇÃO DE ROTERDÃ: Genebra, Suíça, 14/6/2022

Pela democracia

Mais uma vez uma minoria de países (Russia, Cazaquistão, Zimbábue, Índia, Paquistão) impede que o amianto crisoltila, ainda produzido em Goiás, para fins de exportação, mesmo proibido no Brasil pelo STF desde 2017, entre para a lista do Anexo III, que prevê que os países importadores sejam alertados pelos exportadores dos riscos cancerígenos intrínsecos ao produtos, que o contenha, ou a matéria-prima in natura. Isto regularia o comércio internacional do tóxico, no caso o amianto, onde deverá haver o chamado CONSENTIMENTO PRÉVIO INFORMADO (PIC) por parte do importador, que passa a ser co-responsável por tal decisão, não mais alegando desconhecimento sobre os riscos envolvidos com o produto.

O que mais nos causa espécie nestes fóruns das Nações Unidas (ONU), que só aceitam qualquer inclusão ou mudança nas normas (Convenções) se houver CONSENSO DAS PARTES (impossível imaginar ter a concordância da RÚSSIA, o maior produtor mundial do amianto, e seus aliados, listados acima).

Enquanto o critério do CONSENSO perdurar e não o voto da maioria, prevalecerá a posição minoritária de países-membros ou chamados PARTES. Enquanto o critério do CONSENSO perdurar e não o voto da maioria, prevalecerá a posição minoritária de países-membros ou chamados PARTES. ISTO NÃO É DEMOCRACIA E SIM UMA DITADURA!

A Convenção de Rotterdã, que deveria regular o mercado internacional de tóxicos é ineficaz e mais uma vez as reuniões, que ocorrem a cada 2 anos, se mostram inúteis, verdadeiras letras mortas, um vergonhoso FRACASSO.

Carta ABREA - RJ para Osasco

Árvore-pulmão

Da ABREA- RJ

Aos Exmos.

Srs.Sr. Rogerio Lins – M.D. Prefeito de Osasco – SP

Sr. Gelso Lima – M.D. Secretário Municipal de Trabalho e Renda

Sr. Waldyr Rebeiro Filho – M.D. Secretário Municipal de Serviços e Obras

Exmos. Srs:

A Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto do Rio de Janeiro (ABREA – RJ), presidida por Maria Lucia Nascimento do Carmo, com sua sede no Município do Rio de Janeiro, vem por meio deste, parabenizar e respeitosamente agradecer a iniciativa do Prefeito Municipal de Osasco, em nome do Sr. Rogério Lins e Secretariado. Pela iniciativa de construir o monumento em memória às vítimas do amianto no Município de Osasco, que da visibilidade às vítimas do amianto no Brasil e no Mundo, deixando assim um alerta de que nós temos sim de zelar e não ocultar os problemas que podem ser corrigidos e devem ser evitados, para que nunca mais se repitam.

A ABREA-RJ na representação dos trabalhadores contaminados do Rio de Janeiro tem orgulho de agradecer este gesto simbólico de lançamento da pedra fundamental que consta os nomes dos trabalhadores que faleceram em decorrência da exposição ao amianto no trabalho, e desejar sucesso aos secretários da gestão municipal de Osasco, na execução da presente obra, que desde já se transforma em patrimônio imaterial do movimento.

Atenciosamente, Presidenta ABREA-RJ

Com venda proibida no Rio, amianto pode ser comprado na internet

Matéria jornal O Dia RJ

Autor da lei que proibiu a extração de asbesto no estado do Rio e propiciou a substituição do amianto por outros materiais que não sejam nocivos à saúde, o deputado Carlos Minc (PSB) ficou chocado ao descobrir que ainda há venda de produtos com o componente... pela internet. Em uma reunião com a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), a Fiocruz e a OAB, foi decidido promover uma dura virtual para coibir a comercialização. Os danos causados pela aspiração do pó de amianto são conhecidíssimos, com enrijecimento dos pulmões e perda da capacidade respiratória, sem falar no potencial cancerígeno. Minc lembra que a lei estadual 3.579 — de 2001 (!) — já foi considerada constitucional pelo STF, e que há outras fibras vegetais, minerais e sintéticas não poluentes com as mesmas propriedades térmicas e de resistência. "No mundo, há proibição em 60 países. E por aqui, empresas como a Reduc, o Metrô e a Brasilit não usam mais o material".

Fonte: Jornal O DIA

Leia a matéria completa em: https://odia.ig.com.br/colunas/informe-do-dia/2022/06/6429553-com-venda-proibida-no-rio-amianto-pode-ser-comprado-na-internet.html

Florianópolis é primeira cidade a banir amianto nos prédios públicos

Os prédios públicos de Florianópolis passarão por um processo chamado de "desamiantização", retirada de estruturas que contenham amianto, material cancerígeno presente principalmente em telhas. A cidade é a primeira a aprovar uma lei para retirada da susbstância. Por conta dos riscos à saúde humana, o usoe comércio do amianto foi proibido no Brasil em 2017.

A Capital de Santa Catarina foi além da proibição do uso e comércio do amianto, e também determinou que as estruturas públicas que contenham amianto devem ser removidas, segundo a lei municipal Nº 10607, de 11 de setembro de 2019.

— Florianópolis tem uma situação de vanguarda, não só proibiu o amianto depois da decisão do STF, mas também está promovendo a retirada desse material do ambiente — destaca Luciano Lima Leivas Procurador do Trabalho.

Nesta quarta-feira (27), foi feita uma visita técnica no prédio da Comcap, com o objetivo de verificar se o local tem condições de receber o material retirado das estruturas de Florianópolis, sem que hajam prejuízos ambientais. A vistoria foi feita pela Fundacentro, com apoio do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC), acompanhada pela engenheira Italiana Alessia Angelini. 

Publicada em setembro de 2019, a lei municipal determina que o prefeitura de Florianópolis deve apresentar em até quatro anos, a lista de prédios públicos que contenham a substância. Ou seja, o prazo vai até setembro de 2023. 

"Os órgãos de administração direta ou indireta do município de Florianópolis, terão a partir da publicação desta Lei, um prazo de quatros anos para fazer a substituição total dos materiais que contenham amianto em suas edificações".

Procurada pela reportagem, a prefeitura da Capital não informou o número de prédios que passarão pelo processo de desamiantização até a publicação desta matéria.

Proibição e riscos do amianto

Por anos denominado de "mineral mágico", o amianto foi muito utilizado no último século no Brasil, principalmente na indústria da construção civil (pisos vinílicos, telhas, caixas d’água, divisórias, forros falsos, tubulações, vasos de decoração e para plantio e outros artefatos de cimento-amianto) e para isolamento acústico ou térmico.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o material é o principal agente carcinogênico ocupacional, respondendo pela maioria dos cânceres de pulmão ocupacionais e por um terço de todos os cânceres ocupacionais. O amianto pode causar as seguintes doenças:

  • Asbestose: A doença é causada pela deposição de fibras de asbesto nos alvéolos pulmonares, o que reduz a capacidade de realizar trocas gasosas, além de promover a perda da elasticidade pulmonar e da capacidade respiratória
  • Câncer de pulmão: O câncer de pulmão pode estar associado a outros tipos de adoecimento, como a asbestose. Estima-se que 50% dos indivíduos que tenham asbestose venham a desenvolver câncer de pulmão
  • Mesotelioma: O mesotelioma é uma forma rara de tumor maligno, que afeta a pleura, peritônio, pericárdio e tunica vaginalis testis, podendo produzir metástases por via linfática em aproximadamente 25% dos casos 

Em 29 de novembro de 2017, o STF baniu a substância da indústria brasileira.

Autor da lei que proibiu a extração de asbesto no estado do Rio e propiciou a substituição do amianto por outros materiais que não sejam nocivos à saúde, o deputado Carlos Minc (PSB) ficou chocado ao descobrir que ainda há venda de produtos com o componente... pela internet. Em uma reunião com a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), a Fiocruz e a OAB, foi decidido promover uma dura virtual para coibir a comercialização. Os danos causados pela aspiração do pó de amianto são conhecidíssimos, com enrijecimento dos pulmões e perda da capacidade respiratória, sem falar no potencial cancerígeno. Minc lembra que a lei estadual 3.579 — de 2001 (!) — já foi considerada constitucional pelo STF, e que há outras fibras vegetais, minerais e sintéticas não poluentes com as mesmas propriedades térmicas e de resistência. "No mundo, há proibição em 60 países. E por aqui, empresas como a Reduc, o Metrô e a Brasilit não usam mais o material".

 

Fonte: NSC TOTAL

Leia a matéria completa em: Florianópolis é primeira cidade a banir amianto nos prédios públicos | NSC Total

Porta-aviões: embaixadas estrangeiras são acionadas em tentativa de trazer navio de volta ao Brasil

Com a confirmação de que o porta aviões São Paulo já está fora do território brasileiro, mesmo após a liminar que ordenava o seu retorno à Baía de Guanabara, onde ficava ancorado, as partes interessadas acionaram autoridades internacionais na esperança de que o navio volte ao Brasil. Enquanto isso, grupos ambientalistas do exterior se manifestaram contra a ida da embarcação à Turquia, por causa da alta quantidade de amianto, substância tóxica e cancerígena, que está presente no seu interior.

No ano passado, a empresa turca Sok Denizcilik pagou R$10,5 milhões em leilão pelo porta-aviões São Paulo, o maior que o Brasil já teve, e iniciou o transporte do navio na última sexta, como mostrou O GLOBO. Na semana passada, cinco grupos que defendem causas ambientais realizaram um protesto na porta da embaixada brasileira na Turquia, e repudiaram a importação do porta-aviões, por causa da quantidade de amianto e do risco de radioatividade, já que o navio, construído na década de 60 na França, participou de testes nucleares.

Os manifestantes disseram que a chegada doa embarcação violaria tratados internacionais, como a Convenção de Basileia, que tratou de regras para exportações de amianto, a Convenção de Barcelona, que versou sobre poluição no Mar Mediterrâneo, e o Protocolo Izmir, sobre lixo nuclear. Em resposta, o ministro do Meio Ambiente da Turquia, Murat Kurum, contestou os dados sobre quantidade de amianto que estariam presentes no navio, e disse que o número seria de 9.6 toneladas, enquanto manifestantes citavam 900 toneladas.

Embaixadas acionadas
Na última sexta (5), um dia após o início do transporte do porta-aviões, o Instituto São Paulo/Foch, criador de um projeto de museu marítimo para o navio, conseguiu uma liminar judicial que ordenava o retorno da embarcação. Desde o final do ano passado, o instituto briga na justiça pela anulação do leilão de 2021, com argumento de irregularidades no edital.

 

No entanto, a ordem não foi cumprida e o porta-aviões deixou o território brasileiro na própria sexta. De acordo com monitoramentos por GPS e AIS (sistema por satélite mais preciso) disponíveis na internet, o porta-aviões ainda está beirando a costa brasileira em direção ao norte, mas já ultrapassou o limite da fronteira. Segundo Alex Christo Bahoz, advogado da Cormack Agência Marítima, empresa que está em litígio com a Sok, a Capitania dos Portos se manifestou no processo, na segunda (9) informando que o navio já estava fora dos limites territoriais, o que impediria maiores ações. Procurada, a Marinha não se manifestou.

Há dúvidas sobre o posicionamento exato do porta-aviões pois, em vários momentos, sua localização não ficou disponível, o que levantou suspeitas sobre possível desligamento do sistema de rastreamento. Desde segunda, os representantes do Instituto São Paulo/Foch e da Cormack vem acionando autoridades, brasileiras e internacionais. Além de parlamentares, foram enviados comunicados, sobre a situação legal, às embaixadas da Turquia, da Holanda e das Ilhas Marshall. Os dois últimos porque a rebocadora que está realizando o transporte é de uma empresa holandesa, mas está registrada nas Ilhas Marshall.

A Interpol também foi comunicada, na esperança de haja alguma atuação quando o porta-aviões passar por algum porto.

-- O porta-aviões saiu na calada da noite. A situação salta aos olhos para quem está acostumado com operações de navio, foi totalmente atípico. Isso tem que ser investigado -- afirmou Bahoz, que diz que as maiores chances de retorno do navio estão nas autoridades internacionais. -- Infelizmente, a movimentação fora do Brasil é mais intensa do que internamente.

Inicialmente contratada para fazer o agenciamento marítimo da Sok na operação do São Paulo, já que a empresa turca não possui sede no Brasil, a Cormack foi a arrematante do porta-aviões, no leilão, e depois transferiu a posse para os turcos.

Mas a parceria não terminou bem. No ano passado, a Sok rompeu o contrato entre as partes unilateralmente, o que iniciou o litígio. As divergências começaram por causa da forma que a empresa turca lidou com o amianto presente na embarcação. Para exportação, é necessário, dentre outros fatores, que o amianto - substância banida no Brasil - seja descartado.

Após o rompimento, a empresa Ocean Prime firmou parceria com a Sok. Procurada, a Ocean Prime não se manifestou.

Fonte: O GLOBO

Leia a matéria completa em: www.portosenavios.com.br/noticias/geral/porta-avioes-embaixadas-estrangeiras-sao-acionadas-em-tentativa-de-trazer-navio-de-volta-ao-brasil

Amianto é encontrado em estúdios de 'The Crown'

A direção do Elstree Film Studios, complexo de estúdios de TV e cinema localizado na Inglaterra, determinou a suspensão de todos os trabalhos realizados em suas instalações. A medida foi tomada após a descoberta de amianto - fibra mineral com alto potencial cancerígeno - no prédio local. "Como medida de precaução, estamos organizando verificações de amianto em algumas áreas da Elstree Film Studios para garantir que atendam aos padrões de saúde e segurança. Nossas operações serão retomadas assim que forem concluídas as investigações e qualquer trabalho corretivo necessário", informou a assessoria do grupo ao jornal The Sun.

Uma das obras gravadas nos Elstree Studios é "The Crown", série biográfica sobre a rainha Elizabeth 2ª, que chegou a paralisar seus trabalhos na semana passada em respeito à morte da biografada. Segundo a produção do programa, a interdição do complexo não vai atrapalhar o cronograma de produção da sexta temporada, uma vez que as filmagens agora estão ocorrendo em locações fora de Londres e, inclusiva da Inglaterra. "'The Crown' não está filmando nas áreas afetadas neste momento e a produção continua conforme planejado. Aguardamos mais informações da Elstree com relação a qualquer trabalho de correção necessário", afirmou um porta-voz....

- Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/09/15/mineral-cancerigeno-e-encontrado-em-estudios-de-the-crown.htm?cmpid=copiaecola

A novela do Porta-aviões em O GLOBO

Porta-aviões São Paulo retorna ao Brasil mas não recebe autorização para atracar em Pernambuco por causa de risco ambiental.

Ministério Público do Trabalho exigiu que Marinha apresente documentos sobre presença de amianto a bordo.

Dois meses após deixar o Rio rumo à Turquia, o porta-aviões São Paulo está de volta ao Brasil, mas ainda sem um desfecho definido. Sem permissão do governo turco paraDois meses após deixar o Rio rumo à Turquia, o porta-aviões São Paulo está de volta ao Brasil, mas ainda sem um desfecho definido. Sem permissão do governo turco paraentrar no país, por causa da alta quantidade de amianto no seu interior, o navio precisou refazer toda a viagem de volta. Agora, porém, foi a vez das autoridades brasileiras negarem sua presença.

Os compradores do porta-aviões, que está parado na costa pernambucana, pediram autorização para atracar no Porto de Suape. Mas a Agência de Meio Ambiente de Pernambuco não permitiu, devido ao risco ambiental. Nesse imbróglio, há o temor de que a embarcação seja abandonada em alto-mar.

No dia 4 de agosto, o porta-aviões, comprado pela empresa turca Sok por R$ 10,6 milhões, deixou a Baía de Guanabara rumo à Turquia, onde seria desmanchado e vendido como sucata, o que poderia render cerca de R$100 milhões. Horas após o início da viagem, uma liminar da Justiça Federal ordenou o retorno do navio, mas a Marinha disse que ele já estava fora das águas brasileiras no momento da decisão. No dia 26 de agosto, o governo turco cancelou a autorização para importação do porta-aviões, por causa da falta de informações precisas sobre a quantidade de amianto, uma substância cancerígena e banida de grande parte do planeta, a bordo, e ele precisou retornar ao Brasil.

Um relatório feito no ano passado apontou que o porta-aviões possui 9,6 toneladas de amianto. O mesmo relatório admitiu que só foi possível vistoriar 12% dos compartimentos, e há suspeita de que exista mais amianto do que o declarado. Por isso, a Agência de Meio Ambiente de Pernambuco recomendou que a embarcação, que é transportada por um rebocador holandês, não atracasse em Suape, e a Autoridade Portuária negou a autorização. Além de um porta-aviões demandar muito espaço de um porto, Suape fica a quinze quilômetros de Porto de Galinhas, um paraíso turístico de Pernambuco.

O porta-aviões, que já está na entrada de Suape, precisa achar algum porto para que seja feita a vistoria de integridade do casco, uma medida obrigatória que atesta que não há risco de naufrágio. Só com isso é possível parar em território brasileiro. Na semana passada, quando já estava próximo do Brasil, a Marinha determinou que o porta-aviões fizesse essa vistoria em Suape, pois seria o porto mais perto.

A Agência afirmou que recebeu nesta quarta (5) a solicitação de posicionamento a respeito da atracação e que se posicionou contra "haja vista o risco ambiental pela possibilidade de contaminação por amianto e outras substâncias perigosas. A Agência considerou ainda que a embarcação em questão já teve sua licença de exportação cancelada pelo Ibama e inclusive já foi impedida de navegar e atracar em outras regiões".

Maior que o país já teve, tem se tornado uma das preocupações dos defensores da preservação do patrimônio marítimo brasileiro nos últimos tempos.

Temor de abandono em alto-mar

Fontes que acompanham o caso dizem que a vistoria pode acabar sendo feita em alto-mar. Outra possibilidade seria pedir autorização para atracar no estaleiro de Mauá, em Niterói (RJ). Procurada, a Marinha não se manifestou. A Ocean Prime, agência marítima brasileira contratada pela Sok para tratar dos trâmites da exportação, também não respondeu à reportagem.

— Há o risco de um fim trágico. Temo o abandono do casco — afirmou Fernanda Giannasi, presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea). — Se o impasse não se resolver, o rebocador pode até abandonar em alto-mar. Se afundar, vira um monstro ambiental dentro do mar.

Com a negativa da importação por parte da Turquia, que pediu um novo inventário sobre a presença de substâncias tóxicas, a Abrea acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) para que sejam respeitadas medidas de segurança a trabalhadores que venham a realizar a retirada do amianto do porta-aviões no Brasil. Por isso, um inquérito preliminar foi instaurado no MPT e, na última sexta, foi realizada uma audiência com a Marinha, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ibama, a Abrea e a Cormack, primeira agência marítima contratada pela Sok, mas que estão em litígio após rompimento do contrato. A Sok e a Ocean Prime, atual agência marítima, não compareceram.

Na audiência, a Marinha afirmou que o porta-aviões já teria sido ficado sem amianto na época de sua compra, em 2000, na França, onde a embarcação foi construída, na década de 1960. Mas, para isso, um navio precisa ser desmontado, e o próprioNa audiência, a Marinha afirmou que o porta-aviões já teria sido ficado sem amianto na época de sua compra, em 2000, na França, onde a embarcação foi construída, na década de 1960. Mas, para isso, um navio precisa ser desmontado, e o próprioinventário apontou presença de amianto no ano passado. A Marinha também disse que todos os compartimentos teriam sido inspecionados, o que não corresponde às informações do relatório, e que uma equipe turca fez uma inspeção de radioatividade. A suspeita sobre radioatividade do São Paulo surgiu porque foram encontradas fontes radioativas no seu navio-irmão, o Clemenceau II. Nos anos 1960, ambos teriam passado por testes nucleares.

— Eu entrei em contato com o Ministério do Meio Ambiente da Turquia e eles negaram que fizeram inspeções nucleares no São Paulo — afirmou Giannasi.

Procuradores do MPT pediram que a Marinha enviasse as documentações e laudos que comprovem todas as informações prestadas. A apresentação ainda está no prazo.

— Para realizar trabalho dentro do navio, são necessários grandes equipamentos e respeitar as medidas de segurança. É preciso fazer a pressão negativa para que o ar de dentro não saia do navio e, assim, evitar a poluição externa. Além disso, funcionários precisam usar macacões adequados e realizar exames antes e depois do trabalho. Há todo um rigor para que a exposição seja limitada ao máximo — explicou Giannasi.

Situação jurídica

A liminar que pedia o retorno do porta-aviões foi suspensa em agosto, após manifestação da União dizendo que o navio estava em águas internacionais. No momento, então, não há nenhuma decisão judicial em vigor que obrigue algum destino ao São Paulo. O Ibama, que autorizou a exportação do casco do navio, suspendeu sua autorização após a negativa dos turcos.

Na audiência, a Marinha afirmou que o porta-aviões já teria sido ficado sem amianto na época de sua compra, em 2000, na França, onde a embarcação foi construída, na década de 1960. Mas, para isso, um navio precisa ser desmontado, e o próprio inventário apontou presença de amianto no ano passado. A Marinha também disse que todos os compartimentos teriam sido inspecionados, o que não corresponde às informações do relatório, e que uma equipe turca fez uma inspeção de radioatividade. A suspeita sobre radioatividade do São Paulo surgiu porque foram encontradas fontes radioativas no seu navio-irmão, o Clemenceau II. Nos anos 160, ambos teriam passado por testes nucleares.

A Cormack, que está em litígio com a SOK, pretende pedir o arresto do porta-aviões, assim que ele conseguir atracar no Brasil.

-- Não é todo porto brasileiro que vai aceitar o porta-aviões. Porque ele pode colocar em risco a saúde de quem vai trabalhar a bordo. Isso demanda acompanhamento das autoridades -- disse Alex Christo, advogado da Cormack.

Outra parte que acompanha o imbróglio de perto é o Instituto São Paulo/Fochs, que desenvolveu um projeto para transformação do porta-aviões em um museu marítimo. Foi o instituto que entrou com ação popular na justiça federal pedindo a anulação doOutra parte que acompanha o imbróglio de perto é o Instituto São Paulo/Fochs, que desenvolveu um projeto para transformação do porta-aviões em um museu marítimo. Foi o instituto que entrou com ação popular na justiça federal pedindo a anulação doedital do leilão do navio, em 2021. Dessa ação veio a liminar que tentou impedir a saída da embarcação do Brasil.

-- Nosso temor é que, da mesma forma que foi feita inspeção técnica do navio após a venda, a empresa turca contrate empresa parcial que venha a beneficiar eles nas novas autorizações. Da nossa parte, estamos movendo ações justamente para que sejam cumpridas determinações do navio voltar ao Rio -- disse Emerson Miura, presidente do instituto.

Entenda o cronograma dos acontecimentos

• 30 de maio: É concedida autorização para "exportação com condições" por parte do governo da Turquia

• 7 junho: O Ibama autoriza a exportação do porta-aviões

• 4 de agosto: O porta-aviões inicia viagem rumo à Turquia

• 4 de agosto: Horas após o início da viagem, a justiça federal profere liminar para que o navio retorne, Segundo a Ocean prime, o navio já estava em águas internacionais quando a decisão foi informada

• 9 agosto: Autoridades turcas pedem informações sobre decisão judicial que impedia a exportação, e um novo inventário de materiais perigosos a bordo.

• 18 de agosto: A justiça federal, após recurso da União e da Marinha, revogou a decisão liminar que pedia o retorno do navio. O Ibama, então, responde à Turquia que não havia objeção judicial à exportação

• 26 agosto: A Turquia decide cancelar autorização para importação. Em seguida, o Ibama comunica a Ocean Prime sobre a decisão e suspende a sua autorização de exportação

• 30 agosto: O Ibama reafirma às autoridades turcas que não havia pendência judicial contra a exportação, mas diz que acata a decisão do cancelamento da exportação. O instituto ainda pede para que o governo turco compartilhe se a Convenção de Basileia (organização internacional que trata de exportação de amianto) tomou alguma medida legal sobre o assunto

• 7 de setembro: O rebocador holandês mudou o itinerário da viagem, e iniciou o retorno ao Rio de Janeiro, previsto para 2 de outubro.

• Dia 26 de setembro: Marinha diz para porta-aviões realizar vistoria de integridade em Suape

• Dia 5 de outubro: Porto de Suape nega atracação por risco ambiental

A novela do porta-aviões

A reconstituição da saga do navio, comprado da França pelo Brasil nos anos 2000 e que teria navegado só 206 dias no Brasil, mostra como o porta-aviões se tornou tecnologicamente defasado e com potencial poluente. Vendido como sucata, poderá render em torno de R$ 100,4 milhões, quase dez vezes mais do que ao valor de venda. A Marinha cogitou outro destino para o São Paulo. Em 2019, após desistir de um projeto de modernização que custaria R$1 bilhão, procurou especialistas para traçar alternativas de descarte ou reutilização para o porta-aviões São Paulo, na época recém-desativado.

Especialista em transporte marítimo, logistica e construção naval, o engenheiro Jean Caprace, da Politécnica-UFRJ, sugeriu um modelo matemático para indicar o melhor custo-benefício entre as possibilidades de desmonte. A ideia não foi acatada.

— O que mais me surpreende é o interesse de uma empresa estrangeira. Devem ter feito muitos cálculos, mas é um negócio de alto risco, inclusive o de ter mais amianto a bordo que o declarado. Há compartimentos totalmente inacessíveis, que só serão descobertos quando abrirem — avisa Caprace.

Quando ainda era da França, o porta-aviões esteve em frentes de batalha na África, no Oriente Médio e na Europa. Com 266 metros de comprimento e 32,8 mil toneladas, a embarcação, explica Caprace, exige cálculos muito precisos e complexos para determinação de valores de venda. Pelo contrato firmado com a França, o São Paulo precisaria ser esvaziado para ser revendido. Os gastos para transportar a embarcação, que, desativada, passa a ser oficialmente “casco de navio”, atingem a casa dos milhões de dólares.

- Leia a matéria em: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2022/10/porta-avioes-sao-paulo-retorna-ao-brasil-mas-nao-recebe-autorizacao-para-atracar-em-pernambuco-por-causa-de-risco-ambiental.ghtml