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Contaminação em Massa

Cidade australiana vive seus últimos dias depois deamianto matar 10% da população

Câncer provocado pela exposição ao material matou 2.000 das 20 mil pessoas queviviam em Wittenoom

Yan Zhuang

Sentado num telhado em uma cidade fantasma nomeio do outback australiano, Mario Hartmann estava esperando asescavadeiras. Ele subia diariamente porque só ali havia sinal de internet. Com acidade mais próxima a uma hora e meia de distância, sabia que tinha de sercuidadoso. "Você só pode tomar 15 cervejas. Com mais de 15, não conseguesubir aqui."Mas riscos muito piores assombram a cidade. No quintal abaixo, o cão pastoraustraliano de Hartmann corria atrás de uma bola, levantando nuvens depoeira que continham uma ameaça invisível: oamianto azul

Apenas uma inalação pode levar asfibras para os pulmões, desencadeando umApenas uma inalação pode levar asfibras para os pulmões, desencadeando umcâncer agressivo e incurável. É por isso que o governo está prestes a acabarcom a cidade, chamada Wittenoom.

Hartmann, de 59 anos, não deu atenção a isso. Olhou para os camposcastigados pelo sol e as cadeias de montanhas vermelhas além da cidade, ondefica sua casa de férias, e comentou: "Como é bonito isso, hein?"

Wittenoom, que já foi um símbolo de prosperidade econômica, é hoje uma dasmaiores tragédias industriais daWittenoom, que já foi um símbolo de prosperidade econômica, é hoje uma dasmaiores tragédias industriais daAustrália, tornada inabitável pelas ações irresponsáveis de mineradoras e negligenciadapor um governo que não fez nada para limpá-la.

A cidade foi construída há muito tempo sob a crescente demanda por produtosde amianto, como revestimentos e isolamento, com a promessa dedesenvolvimento econômico ofuscando novas preocupações com a saúde. Das20 mil pessoas que viveram na cidade ou trabalharam na mina próxima, 2.000morreram de doenças relacionadas ao amianto.

Wittenoom se tornou uma bomba-relógio cancerígena quando os resíduos demineração conhecidos como rejeitos foram trazidos para a cidade para serusados na pavimentação das ruas e em playgrounds e jardins para conter apoeira. Perto da mina, os rejeitos —mais de três milhões de toneladas— foramempilhados como montanhas, escorrendo pelos desfiladeiros.

Sessenta anos depois do fim da mineração, o governo do estado da AustráliaOcidental anuncia que o risco à saúde permanece inaceitavelmente alto.

Durante mais de uma década, houve tentativas de fechar Wittenoom paraimpedir a visita de turistas em busca de emoção. A cidade foi removida dosmapas oficiais e a água e a eletricidade foram desligadas. O governo tentouretirar os residentes indenizando-os. Quando isso falhou, aprovou um projetode lei este ano para adquirir os demais imóveis à força.

No processo, o grupo de residentes que se recusava a sair se transformou emsímbolo de autodeterminação obstinada, lutando pelo direito de apostar aprópria vida.

Mas, no início de setembro, as duas pessoas que ficaram estavam quase prontasa desistir da luta. Uma delas era Hartmann, que aceitou vender suapropriedade há alguns anos, mas ainda retornava todos os anos durante algunsmeses.

 

LEGADO TÓXICO

Maitland Parker, que cresceu nos arredores de Wittenoom durante seu auge,lembra-se de nuvens de poeira subindo de uma mina em atividade e de criançasindígenas como ele pegando carona na boleia dos caminhões quetransportavam fibras de amianto. Seu irmão contou que mastigava os rejeitoscomo chiclete. Mas as pessoas só perceberam o que estavam respirando depoisde décadas. "A gente não fazia ideia, realmente", disse Parker.

Quando visitou Wittenoom em uma tarde de agosto, usou máscara. Hartmannfez troça: "Por que a máscara, hein?" Parker já foi diagnosticado commesotelioma, câncer causado pela exposição ao amianto. Isso é parte dadevastação de Wittenoom. Embora muita gente que trabalhou diretamentecom o amianto não tenha sofrido de câncer, ele desenvolveu a doença, mesmonunca tendo vivido na cidade nem trabalhado na mina.

O mesotelioma pode ser tratado, mas não curado, e a expectativa de vidadepois do diagnóstico é normalmente de um a dois anos. Mas Parker, de 69anos, continua forte depois de ter recebido seu diagnóstico em 2016. "AindaO mesotelioma pode ser tratado, mas não curado, e a expectativa de vidadepois do diagnóstico é normalmente de um a dois anos. Mas Parker, de 69anos, continua forte depois de ter recebido seu diagnóstico em 2016. "Aindaestou vivo. Deveria estar morto." Com o tempo que lhe sobra, assumiu a missãode descontaminar a cidade.

Depois que a mina fechou, não houve tentativas de reabilitar a terra. O povobanjima, que vive ao redor de Wittenoom há milhares de anos, ficou com olegado. Seus integrantes ainda vão para as cadeias de montanhas e osdesfiladeiros perto da cidade. Dizem que não têm escolha; é sua obrigaçãocultural e espiritual. Mas, toda vez que escolhem, precisam decidir entre seumodo de vida e sua saúde. A Austrália Ocidental tem uma das maiores taxas demesotelioma do mundo, e entre a população indígena do estado o número éainda maior.

Parker afirmou que a responsabilidade era do governo da Austrália Ocidental:"Agora, eles não se importam com o sofrimento." Ele e outros ligados aWittenoom acreditam que o fechamento da cidade anunciará uma retomada daParker afirmou que a responsabilidade era do governo da Austrália Ocidental:"Agora, eles não se importam com o sofrimento." Ele e outros ligados aWittenoom acreditam que o fechamento da cidade anunciará uma retomada daA casa onde Mario Hartmann estava morando, com uma vista panorâmica de Wittenoom; omorador de 59 anos teve de se mudar por ordem do xerife-Matthew Abbott/NYTmineração na área. Eles temem que os avisos sobre a arrogância industrial quea cidade simboliza serão ignorados pela mesma indústria que a destruiu.

Gina Rinehart, a mulher mais rica da Austrália, cujo pai minerava amianto emWittenoom, planeja extrair minério de ferro fora da zona de contaminação etambém dentro dela.

A dor que Parker sente a cada respiração é um lembrete de que seu tempo écurto. "Mas, enquanto eu ainda estiver me movimentando, respirando edefendendo a limpeza da minha região, bom, é isso que vou fazer."

 

AQUELA QUE RESTOU

Uma casa bem conservada se destaca no terreno baldio com tambores de óleoenferrujados, placas derrubadas e janelas seladas que é Wittenoom. Na portada frente, um aviso educado, rabiscado em uma placa com letra caprichada,cumprimenta os visitantes: "Por favor, não entre. Ainda tem gente morandoaqui. Obrigada."

Uma pessoa, na verdade. Lá dentro, Lorraine Thomas, de 80 anos, a últimaresidente de Wittenoom, estava embalando 40 anos de pertences em caixas:móveis antigos, montanhas de documentos, roupas cujos proprietários haviamido embora fazia muito tempo. "São coisas que colecionei por aí." Foi umprocesso lento. Ela havia perdido um prazo para sair em junho e outro em 31 deagosto. No início de setembro, estava esperando para ver se as autoridades aremoveriam à força.

Enquanto contava os dias, voltou-se para as memórias que tinha da cidade,para onde se mudou com suas três filhas novas depois da morte de seuprimeiro marido. Foi em Wittenoom que conheceu seu segundo marido, Lesley,e construiu uma vida com ele administrando uma loja de gemas e turismo.

Mesmo depois que as filhas partiram, que o marido morreu, que a cidadedesapareceu e que sua casa cedeu, ela jurou que nunca iria embora, relutanteem se separar de um lugar que havia se tornado o memorial de um tempo maisfeliz e de uma vida mais plena. Para permanecer, era preciso serautossuficiente; quando ficou trancada do lado de fora de sua casarecentemente, quebrou uma janela para entrar. Mas, quando sua saúde piorou,admitiu que não poderia ficar para sempre.

Em 8 de setembro, o inevitável aconteceu: os oficiais do xerife chegaram semavisar e despejaram Thomas.

Hartmann também saiu por ordem do governo, levando seu trailer para umdesfiladeiro próximo para passar o resto de suas férias.

E Parker continuará esperando para ver se as lições de Wittenoom serãoaprendidas.

 

Leia a matéria em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/10/cidade-australiana-vive-seus-ultimos-dias-depois-de-amianto-matar-10-da-populacao.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=comphomewa

Justiça do Trabalho

Justiça do Trabalho julgará caso de asbestose diagnosticado 20 anos depois do fim do contrato

Do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
outubro 15, 2022

A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho afastou a prescrição do direito de ação de um ex-gerente de produção da fábrica da Eternit S.A. em Simões Filho (BA) diagnosticado com asbestose pulmonar 20 anos após a rescisão contratual, ocorrida em 1984. De acordo com a decisão, a contagem do prazo prescricional teve início a partir da manifestação da doença, e não da extinção do contrato de trabalho.

Leia na íntegra: https://jusdecisum.com.br/justica-do-trabalho-julgara-caso-de-asbestose-diagnosticado-20-anos-depois-do-fim-do-contrato/

Lei municipal que prevê recolhimento de amianto é constitucional, diz TJ-SP

Há competência concorrente entre União e Estados para legislar sobre produção, consumo, proteção do meio ambiente e proteção e defesa da saúde, tendo os municípios competência para suplementar a legislação federal e estadual no que couber.

Com esse entendimento, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo considerou constitucional parte de uma lei de Jundiaí, de iniciativa parlamentar, que prevê a coleta de resíduos de construção civil e equipamentos feitos de amianto pela prefeitura em casos de catástrofes naturais ou estado de calamidade pública.

Segundo o relator do acórdão e presidente do TJ-SP, desembargador Ricardo Anafe, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, isto é, a competência abrange os três níveis de governo.

"Os municípios detêm competência comum, juntamente com os demais entes da Federação, para 'proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas' (Cf. artigo 23, inciso VI, da Constituição Federal) e ainda 'legislar sobre assuntos de interesse local' e 'suplementar a legislação federal e a estadual, no que couber' (artigo 30, incisos I e II)", completou.

Citando parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, Anafe ressaltou que a lei de Jundiaí trata de situação pontual relacionada aos resíduos e equipamentos de amianto, que não contrasta com legislação federal ou estadual que cuidam do assunto, e por isso, encontra-se dentro do parâmetro constitucional.

No entanto, o desembargador vislumbrou inconstitucionalidade em um único artigo, que estabelecia que os postos de coleta de materiais de amianto deveriam ser divulgados no site da prefeitura, além de obrigar a realização de campanhas para descarte e recolhimento desses resíduos. Para Anafe, o dispositivo não guarda estreita pertinência com o objeto da norma, caracterizado, assim, o chamado “jabuti”.

"Ora, descabe falar na hipótese, em 'postos de coleta', bem como na realização de campanhas para descarte e recolhimento dos resíduos, já que no caput do artigo 1º da Lei Municipal 9.741/2022, previu-se a obrigação, exclusivamente pela prefeitura, da coleta dos resíduos especificados, 'em casos de catástrofes naturais ou estado de calamidade pública', ou seja, apenas durante os eventos excepcionais."

Assim, o relator considerou que a "ausência de vínculo de afinidade lógica e material" entre a justificativa da proposta e o artigo em questão não se trata de mera ilegalidade, mas sim de inconstitucionalidade, por vício formal, em razão de ofensa direta ao processo legislativo.

"Não bastasse, nesse ponto, a lei local transborda o poder do Legislativo, pois revela verdadeira ingerência no Executivo municipal, com interferência em área exclusiva da administração, ou seja, inserindo-se na reserva da administração", concluiu Anafe ao julgar a ADI parcialmente procedente. A decisão foi por maioria de votos. 

Clique aqui para ler o acórdão
Processo 2128478-26.2022.8.26.0000

 

 

Denúncia enviada, pela ABREA, ao MPT para que sejam tomadas medidas a respeito do descumprimento do Anexo 12 da NR-15, em obra realizada pela Prefeitura Municipal de Jundiaí

Osasco, 17 de Outubro de 2022.

Ao Programa Nacional de Banimento do Amianto do MPT Senhor(a) Procurador(a)

A ABREA-Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, entidade de utilidade pública em defesa da segurança e saúde dos expostos ao amianto, CNPJ: 02.296.982/0001-36, Inscrição Municipal n.º 61.852, situada na Av. Santo Antônio, nº. 683 - JD. Alvorada - CEP: 06086- 070 - OSASCO/SP, vem solicitar ao MPT investigação e as providências cabíveis sobre denúncia que nos chegou, por meio da imprensa e por denúncia de empregado de empreiteira, relativa ao descumprimento do Anexo 12 da NR-15, em especial os itens 7, 8, 17 e 18, que tratam de cadastramento de empresa responsável por demolição, plano de trabalho, destinação de resíduos e exames médicos dos trabalhadores expostos, em obra realizada pela Prefeitura Municipal de Jundiaí.
Neste sentido, juntamos as notícias que nos foram encaminhadas e acessíveis pelos sites: https://www.instagram.com/p/CjqA7RcMC51/?igshid=Y2IxNTc5OTQ=

 28-milhoes-em-investimentos-prefeitura-inicia-reforma-do-telhado-do-estacionamento-do-espaco-expressa/ , bem como o vídeo que nos mostra a grave situação de exposição dos resíduos no nosso site: www.abrea.org.br
No aguardo de atendimento ao que aqui expomos, restamos à disposição para informações adicionais que se fizerem necessárias e reiteramos nossos protestos de elevada estima e consideração.

Atenciosamente,

Eliezer João de Souza
Presidente da ABREA

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Polícia Federal recebe denúncia de carga de cocaína no porta-aviões fantasma

Existe a possibilidade de haver algo mais do que substâncias cancerígenas e resíduos radioativos no casco do porta-aviões que permanece próximo ao litoral pernambucano. A Polícia Federal e as autoridades portuárias pernambucanas receberam denúncias, realizadas por meio de canais oficiais, de que o navio-fantasma, vendido pela Marinha do Brasil para uma empresa turca, pode estar sendo usado para traficar cocaína da América do Sul para a Europa.

As denúncias foram anônimas, mas tanto a PF quanto o Governo de Pernambuco chegaram a responder dando ciência do encaminhamento dado. A Marco Zero, porém, teve acesso aos e-mails repassados por meio da pessoa autora da denúncia e está em contato com ela, porém manterá seu nome em sigilo por questões de segurança. Ao longo deste texto, com sua autorização, será usada a inicial “M”. É possível revelar, porém, que se trata de profissional integrante de uma rede de jornalistas turcos independentes que investigam, há anos, os problemas ambientais causados pela indústria do desmanche de navios na Turquia.

Recentemente, as relações dos estaleiros que desmontam navios em “fim de vida” e de integrantes do governo turco com o tráfico internacional de drogas veio à tona.

A denúncia foi formalizada junto aos gestores do porto de Suape e da ouvidoria do Governo de Pernambuco no dia 5 de outubro, data em que o navio chegou à costa do estado e foi impedido de atracar no porto de Suape. O motivo para ser barrado foi o mesmo que o impediu de passar pelo estreito de Gibraltar, porta de entrada do Mar Mediterrâneo, e de ser recebido pelos portos turcos: não possuir um inventário de contaminantes por laboratório reconhecido internacionalmente.

O texto da denúncia feita por M. vai direto ao ponto: “se você permitir que este navio seja ancorado em seu porto, por favor, faça uma busca adequada por narcóticos”. Mais adiante, a explicação: jornalistas investigativos na Turquia estão discutindo se as empresas de demolição de navios usam embarcações em fim da vida para o tráfico de drogas. Não são apenas rumores. Algumas testemunhas, trabalhadores no estaleiro de sucatas de navio, relataram isso”.

No final, M. pede que a informação seja levada a sério e acrescenta um argumento bastante lógico: “uma vez que o navio é extremamente perigoso, ninguém realmente quer entrar e por isso seria uma escolha para esconder drogas”.

No dia 19 de outubro, a ouvidoria respondeu informando que encaminhou o caso para a Capitania dos Portos e a Polícia Federal. Enquanto isso, o jornalista também fez contato com a Polícia Federal em Brasília, insistindo na necessidade de se realizar uma busca por drogas, além de enviar links de reportagens publicadas por jornalistas e veículos turcos.

A Marco Zero entrou em contato por Whatsapp com o assessor de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovanni Santoro, pedindo confirmação se há alguma investigação em andamento, porém não houve resposta. Extraoficialmente, autoridades do governo de Pernambuco confirmaram a veracidade dos documentos exibidos nesta reportagem.

 

O que se diz na Turquia

O primeiro a tornar pública a informação de que navios levados para desmonte são usados para levar grandes quantidades de cocaína para a Europa foi o jornalista Erk Acarer (a partir de agora vamos mencionar vários nomes desconhecidos do leitor brasileiro), em setembro de 2021. Acarer, âncora de um programa de TV e à frente de um canal de YouTube, talvez seja o mais respeitado repórter investigativo da Turquia. Mas foi em sua conta no Twitter que ele escancarou o assunto.

Escancarar é a palavra certa. Ele não apenas apontou o que estava acontecendo, como revelou os nomes dos empresários e políticos à frente do esquema criminoso. Sua fonte foi o mafioso Sedat Peker, sujeito condenado por dezenas de crimes diferentes, e que fugiu para os Emirados Árabes depois de receber a última sentença de prisão. Longe da Turquia, ele se tornou uma celebridade em seu país ao criar contas nas redes sociais e YouTube onde passou a contar os podres da elite do país.

O esquema foi revelado com detalhes. A cocaína seria escondida sob placas de aço soldadas de maneira a criar novos compartimentos, específicos para esconder a droga. O desmonte desses locais não seria feito pelos operários comuns, que cortam o restante dos cascos das embarcações. Uma turma de desmanche “especial” é levada a bordo para retirar a carga de cocaína. Muitas vezes, essa equipe realiza a extração da droga antes mesmo da embarcação atracar no porto de Aliaga, pois é comum os navios a serem sucateados passarem alguns dias aguardando a vez no mar Egeu, numa área de “piscinas”.

De acordo com os relatos de Erk Acarer, quem estaria por trás do tráfico seria Erkam Yildirim, filho de um ex-ministro dos Transportes, e seus cúmplices e sócios, os irmãos Adem e Osman Simsek. Eles são donos do estaleiro Simşekler Gemi Söküm, onde acontecem os desmanches. O grupo enriqueceu contrabandeando petróleo da Venezuela para a Turquia durantes os anos de bloqueio econômico ao país latino-americano, interrompido após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Durante o processo, perceberam que o negócio de comprar e rebocar navios desativados na América do Sul poderia ser ainda mais lucrativo com outro tipo de carga.

Após a denúncia, Yildirim iniciou um processo judicial contra Peker por injúria e calúnia, que respondeu avisando que iria liberar novas fotos e informações sobre as ligações do empresário com o crime organizado.

Outro jornalista turco, o criador de conteúdos e youtubber Cevheri Güvein faz uma ligação direta entre o casco do porta-aviões São Paulo e Erkam Yildirim, o chefe da quadrilha, segundo Acarer e sua fonte, o mafioso Peker (só para lembrar, caso você tenha se perdido).

De acordo com Güvein, foi Adem Simsek quem fez a compra do navio e forneceu garantias ao governo turco de que o negócio seria seguro e o “país ganharia muito dinheiro com ele”.

Em nossa troca de mensagens, Güvein recomendou à Marco Zero a leitura dos artigos do veterano jornalista Ertugrul Barka, do portal Izgazete, da região metropolitana de Izmir. Em um dos seus textos, Barka explica que não faltam imagens e declarações que comprovam que, por trás da aquisição do porta-aviões brasileiro, estaria o mesmo Yildirim, acusado de tráfico internacional de drogas.

Sabendo que o mafioso Sedat Peker costuma lidar bem com a imprensa, tentamos entrevistá-lo para verificar se ele possuída informações específicas sobre o porta-aviões São Paulo, mas recebemos a informação de que ele está hospitalizado e que, por isso, seu perfil no Twitter está sendo usado apenas para retuitar conteúdos de terceiros. Erk Acarer, contudo, informou que o governo dos Emirados Árabes estaria controlando suas interações nas redes sociais.

Reação popular contra o São Paulo

Em Aliaga e no distrito metropolitano de Izmir, a reação à possibilidade do porta-aviões brasileiro ser desmontado na área portuária começou com uma reunião de representantes da sociedade civil. No dia 3 de agosto, engenheiros, Médicos e Advogados se juntaram a ativistas pela democracia e ambientalistas para pressionar o governo a cancelar a permissão para receber o navio. Àquela altura, a sucata do porta-aviões já havia saído da base da Marinha no Rio de Janeiro. A notícia de que um “navio de amianto” estava a caminho inflamou a região.

Os “navios de amianto” são embarcações de guerra construídas numa época em que não se sabia que a substância poderia provocar câncer e outras doenças mortais. O material era utilizado no isolamento térmico do casco e de vários componentes dos navios: caldeiras, turbinas, válvulas, bombas, sistemas de vapor, sistemas de aquecimento, motores e geradores.

Por isso, há, no mínimo, pouco menos de 10 toneladas de amianto nos porões do São Paulo. Cevheri Güvein menciona cálculos de que pode haver pelo menos 77 vezes mais em seu casco e em suas peças, o que daria mais de 750 toneladas de um material extremamente tóxico e cancerígeno a ser descartado sabe-se lá onde.

A esse risco é preciso somar a possibilidade, levantada por Ertugrul Barka, de existirem resíduos radioativos, pois quando a embarcação pertencia à marinha francesa e se chamava FS Foch, foi utilizado durante anos no transporte de materiais radioativos e bombas nucleares entre a França e o Atol de Muroroa, no oceano Pacífico.

Por causa disso, em dois dias a resistência contra o navio se tornou um “movimento de massas”, com direito a comícios e manifestações de rua com milhares de pessoas, como noticiou um jornal local. O prefeito metropolitano de Izmir juntou-se aos protestos. A palavra de ordem que mobilizou multidões foi “Izmir não é a lixeira do mundo”.

Dias depois, o ministério do Meio Ambiente, Urbanização e Mudanças Climáticas cedeu e cancelou a autorização, o que fez o navio ser barrado no estreito de Gibraltar e obrigou o rebocador a dar meia volta em direção ao Brasil. A embaixada brasileira na Turquia foi informada de que o casco do porta-aviões não seria bem vindo naquele país.

Do Rio para Suape

Quando estava se aproximando do Rio de Janeiro, a tripulação do rebocador recebeu mais uma ordem que, até hoje, as autoridades portuárias e ambientais de Pernambuco tentam entender: o navio deveria ser levado para o porto de Suape, onde seriam realizados os testes de seguranças e o obrigatório inventário de produtos contaminantes a bordo. No dia 5 de outubro, a Agência Pernambucana de Meio Ambiente recomendou que Suape não permitisse que o casco do navio atracasse no porto pernambucano.

Sem ter para onde ir, o São Paulo está há um mês sendo puxado pelo rebocador Alp Centre perto do litoral sul do estado, numa trajetória de inúmeros vai-e-vem no sentido sul-norte-sul, de 12 a 20 quilômetros da costa.

Por Inácio França

 

Leia a matéria completa em:https://marcozero.org/policia-federal-recebe-denuncia-de-carga-de-cocaina-no-porta-avioes-fantasma/

Câncer de pulmão também pode atingir não fumantes

 

O tabagismo é o fator preponderante em relação aos casos de câncer de pulmão. Cerca de 70% das ocorrências são de pessoas que têm ou tiveram contato com o cigarro, segundo a publicação científica do Reino Unido The BMJ. O número expressivo faz com que boa parte das campanhas se voltem para esse público.

Ao olhar para os 30% restantes, no entanto, observa-se um grupo que também requer atenção: casos de câncer de pulmão por fatores modificáveis. Os exemplos são trabalhadores expostos à sílica, amianto e à metais pesados, além de pessoas de regiões com altos índices de poluição atmosférica.

“No mínimo 10% dos casos de câncer de pulmão em homens é de origem ocupacional. Nas mulheres, essa fração é muito menor pelo perfil de trabalho, que é menos frequente nessas atividades com a exposição. Mas tem também a exposição ambiental, a poluição atmosférica é responsável por cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de pulmão”, aponta o pneumologista Gustavo Faibischew Prado, coordenador da Comissão de Pneumologia do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica.

Ele lembra que há também a exposição ao radônio, um gás que emana do solo em regiões ricas em minérios que dão origem a ele, como urânio e rádio. Isso é comum em países do Hemisfério Norte e ao norte da América do Norte.

“Todos [os fatores] poderiam ter maior controle. Até mesmo o radônio, que a gente não pode impedir que ele emane do solo, a estratégia de redução da exposição é a concretagem de lajes de subsolo em edifícios comerciais ou residenciais”, explica.

O monitoramento do gás se dá da mesma forma que se monitora a concentração de monóxido de carbono, como é feito em São Paulo. “O único não modificável são fatores genéticos”, destaca o pneumologista.

Pandemia

A psicóloga Lenise Amorim, de 41 anos, é um destes casos. “Em outubro de 2020, em plena pandemia, eu recebi o diagnóstico de câncer no pulmão, já localmente avançado e nessa ocasião eu tinha só 39 anos. Eu era completamente assintomática e não tinha nenhum histórico de tabagismo e também nunca convivi com pessoas que fumavam”, relata.

A descoberta ocorreu durante uma ressonância magnética para investigar um nódulo no pescoço que já estava ali há dez anos.

Segundo Prado, esse tipo de câncer normalmente é encontrado de forma não intencional por um exame solicitado por outro motivo.

“A gente viu bastante, durante a pandemia, porque, de certa forma, baixamos muito os limiares para solicitação de exames de imagem, como tomografia de tórax, para pacientes com sintomas respiratórios suspeitos para covid. Com isso, a gente teve muito diagnóstico incidental de nódulos pulmonares e muitas dessas lesões pequenas foram investigadas e diagnosticadas como câncer de pulmão.”

Ele acrescenta que é comum que essas doenças já sejam descobertas em estágios avançados. No caso de Lenise, era um estágio 3, de uma escala que vai até 4. Contudo, o tumor ainda estava localizado apenas no pulmão.

O médico alerta, no entanto, que não há recomendação para rastreamento em pessoas que não tem fatores de risco. “É ainda improvável que a gente venha a propor programas de rastreamento de câncer de pulmão para pessoas sem fatores de risco, sem histórico de tabagismo, sem exposição a carcinógenos no trabalho e, nesses casos, muitas vezes o diagnóstico acontece de forma incidental”, explicou.

Lenise fez o tratamento com medicação durante sete meses e depois uma cirurgia para retirar o tumor. Ela teve a alteração genética do tumor mapeada por meio de uma análise genômica e o resultado permitiu que ela fosse tratada com uma terapia-alvo indicada para o seu perfil e depois passasse por uma cirurgia.

“[Hoje] Eu não tomo nenhuma medicação. Estou curada”, contou à Agência Brasil, destacando que ainda será acompanhada para um monitoramento regular.

O médico pneumologista lembra ainda que atualmente existem diversas opções para tratamento do câncer de pulmão, “aproximando os pacientes da cura, o que era um cenário bastante mais desafiador até pouco tempo atrás”.

Edição: Denise Griesinger

 

Leia a matéria em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-05/cancer-de-pulmao-tambem-pode-atingir-nao-fumantes

Memorial árvore-pulmão para lembrar as vítimas do amianto, criação do artista plástico Wagner Hermusche

Memorial árvore-pulmão para lembrar as vítimas do amianto, criação do artista plástico Wagner Hermusche

Hermusche escultura

Severino Francisco

O artista plástico Wagner Hermusche vive confinado em uma chácara, dentro do mistério do cerrado mais bravo, cercado de caliandras, pepalantos, imbiruçus, araras, carcarás e jararacas. Ele morou durante vários anos na Alemanha e é sintonizado com as questões ecológicas. Na década de 1980, ele fez belíssimas gravuras da magnitude das noites brasilianas, refratadas pelas luzes da cidade.

              Com cores fulgurantes, captou a espacialidade e a signagem elétrica noturna, em uma visão bucólica e lírica. É um dos artistas que revelaram com mais expressividade a alma brasiliana. No entanto, a partir da primeira década do século, em sintonia com os acontecimentos, a arte de Hermusche saltou do lírico para o dramático. Brasília passou a ser cenário da verdadeira guerra de interesses das grandes corporações e dos grupos políticos.

        Na série Ruídos Contemporâneos, ele pintou uma tela memorável de grandes dimensões, na qual uma passeata de excelências de terços e tailleurs impecáveis faz um desfile sinistro pela Esplanada dos Ministérios, portando serras elétricas ligadas, que desferem centelhas pelo ar, numa imagem surreal, mas expressiva da irresponsabilidade dos governantes no desmatamento que nos assola.

        Agora, Hermusche está envolvido em um novo desafio: ele foi escolhido para e construir um memorial das vítimas do amianto, que será instalado em Osasco. Em 2017, o STF proibiu a fabricação e a venda de produtos da construção civil com amianto, pois ele é cancerígeno. Muitos trabalhadores se contaminaram e ficaram doentes.

             Por isso, Hermusche concebeu o memorial com a forma de uma árvore-pulmão. O trabalho é como uma árvore, que acolhe em sua sombra e alimenta com seus frutos. É o símbolo que representa o sustentáculo da vida. Nesta tragédia do amianto, os operários se entregavam inocentemente ao trabalho cotidiano, que acreditavam estar garantindo o seu sustento e de suas famílias e, por conseguinte, a vida.

           A cada dia, entretanto, estavam sendo lentamente envenenados. Esta contradição cruel é o que a árvore-pulmão expressa. É uma metáfora. Uma referência estética às árvores-pulmões do planeta Terra, projetando um conceito de vida pulsante.

  O tronco com suas linhas retas representa as fibras do mineral, os galhos superiores simbolizam o macrocosmo e as folhagens os pulmões das milhares de vítimas da catástrofe do amianto, espalhadas pelo mundo, explica Hermusche.

          A escultura pesará, aproximadamente, 1,5 tonelada de aço e será construída na chácara de Hermusche e, em seguida, desmembrada para ser transportada até Osasco, com inauguração prevista para o mês de julho.

O monumento será instalado pela prefeitura na entrada de uma antiga fábrica da Eternit, em Osasco, com a esperança de que ninguém mais adoeça ou morra pelo cancerígeno amianto. Doença ou morte por amianto, nunca mais. Hermusche construirá um monumento em defesa da vida.

Carta Contra o Lobby Russo do Amianto na Convenção de Roterdã que Aconteceu Esta Semana em Genebra

À Secretaria da Convenção de Roterdã (RC)

Genebra, Suíça

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Prezado Secretariado da Convenção de Roterdã,

Estamos lhes escrevendo para expressar nossa extrema inquietação e preocupação com os ataques à Convenção de Roterdã (RC) e ao Comitê de Revisão Química (CRC) promovidos pela Associação Internacional do Crisotila (ICA) – a máquina de propaganda que representa globalmente os interesses da indústria do amianto1.

Nossas organizações representam grupos da sociedade civil da Ásia, Oceania, América Latina e Europa. Coletivamente, falamos por milhões de sindicalistas, vítimas do amianto, profissionais médicos, especialistas técnicos e cidadãos preocupados. Vimos em Conferências anteriores das Partes (COP) da RC como um punhado de países, inicialmente liderados pelo Canadá e, mais tarde, pela Rússia, bloqueou insensivelmente a introdução do amianto crisotila na lista no Anexo III da RC, apesar do apoio esmagador das demais Partes presentes à conferência.

A presença da ICA na COP é um mistério para nós. Eles são claramente um grupo com interesse comercial em impedir que a RC atinja seus objetivos declarados, quais sejam: “promover a responsabilidade compartilhada e os esforços cooperativos entre as Partes no comércio internacional de certos produtos químicos perigosos, a fim de proteger a saúde humana e o meio ambiente de possíveis danos; contribuir para o uso ambientalmente saudável desses produtos químicos perigosos, facilitando a troca de informações sobre suas características, proporcionando um processo nacional de tomada de decisão sobre sua importação e exportação e divulgando essas decisões às Partes.”2

Da mesma forma como as empresas de tabaco estão impedidas de participar de reuniões da OIT e da OMS, mais uma vez perguntamos por que a ICA pode participar como observadora na COP 2022 da RC e realizar um evento paralelo com o título desprezível e provocativo: “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs): A contribuição do amianto crisotila.3 O uso de um cancerígeno classe 1 para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é uma impossibilidade lógica; o título deste evento paralelo proposto é "dissimulado e prejudicial", disse o especialista britânico Rory O'Neill. 4

Dado o aumento da frequência e gravidade dos desastres induzidos pelo clima, o conhecimento de ponta sobre o perigo representado pelo amianto crisotila,5 a Resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU (2021) reconhecendo o direito dos seres humanos de viver uma vida livre de exposições a toxinas mortais,6 planos da OIT para tornar o direito ao trabalho saudável um direito humano fundamental e outros desenvolvimentos semelhantes, a inclusão do evento paralelo da ICA no programa oficial da RC é um ultraje.

O evento paralelo da ICA proposto não traz nenhuma contribuição positiva para a discussão na COP. É uma ferramenta de propaganda para espalhar confusão e incerteza entre os delegados, a fim de frustrar o progresso feito que protegeria populações vulneráveis de estarem mais anos submetidas a exposições tóxicas. Os grupos de interesse, representados pelos defensores do amianto, estão desesperados para evitar que os países importadores recebam informações essenciais previamente apresentadas para tomarem decisões sobre se o amianto crisotila e os produtos que o contêm podem ser usados com segurança ou não por seus cidadãos. O direito de conhecer os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, representados pela importação de amianto, não equivale a uma proibição do amianto, mas certamente é um benefício para os tomadores de decisão.

Portanto, pedimos-lhes que rescindam o convite para este evento paralelo e o elimine do programa. Além disso, pedimos ao Secretariado da RC que tome medidas para impedir que a ICA e outros grupos de lobby pró-amianto participem das reuniões das Partes da Convenção de Roterdã.

Devido ao início da 10ª. Conferência das Partes da Convenção de Roterdã se dar em 6 de junho de 2022, solicitamos uma resposta a esta carta até 5 de junho. Resposta deve ser enviada a Laurie Kazan-Allen por e-mail em: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Se não recebermos uma resposta a esta comunicação, vamos divulgá-la em sua totalidade pela internet para aumentar a conscientização sobre as tentativas desprezíveis e lucrativas de minar um tratado multilateral destinado a proteger as populações globais da exposição a substâncias mortais, em particular o amianto.

Sinceramente,

Ambet Yuson, secretário-geral da Internacional dos Trabalhadores da Construção e Madeira (BWI)

Eliezer João de Souza, Presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA)

Felix Gnehm, Diretor Executivo da Suíça Solidária

Jawad Qasrawi, Publicações “Hazards (Perigos)”, Reino Unido

Kate Lee, Diretora Executiva da Ajuda dos Sindicatos no Exterior APHEDA, Austrália

Laurie Kazan-Allen, Coordenadora da Secretaria Internacional de Proibição do Amianto (IBAS)

Liam O'Brien, secretário adjunto do Conselho Australiano de Sindicatos

Muchamad Darisman, em nome da Rede Indonésia de Proibição do Amianto (INA-BAN)

Robert Vojakovic, presidente da Sociedade de Doenças do Amianto da Austrália

Sanjiv Pandita, em nome da Rede Asiática pelos Direitos das Vítimas do Trabalho e Meio Ambiente (ANROEV)

Sugio Furuya, Coordenador do Secretariado Asiático de Proibição do Amianto (ABAN)

Surya Ferdian, em nome da Rede de Iniciativas Locais SST (LION) da Indonésia

Zuleica Nycz, Diretora da Associação de Saúde Ambiental Toxisphera, Brasil