Por Gustavo Ferreira, Valor Investe
Com a palavra... Eternit: Fabricante de telhas tenta desapegar do amianto
Companhia começa a virar a página da recuperação judicial e tenta se desvencilhar dos problemas trazidos pelo uso do produto cancerígeno, banido de dezenas de países, incluindo o Brasil
Se você nunca ouviu falar da Eternit, fundada em 1940, do amianto é bem possível que sim. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a depender do tipo de contato que se tem com o produto, o material usado durante décadas pela fabricante de telhas pode causar, entre outras doenças, câncer de laringe, do trato digestivo, de ovário, espessamento na pleura e diafragma, derrames pleurais, placas pleurais e severos distúrbios respiratórios.
Não por acaso, a companhia precisou largar mão da matéria-prima para sobreviver. A decisão de veio pouco antes de o Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, colocar o Brasil dentro das dezenas de países que baniram seu uso. Em entrevista à serie "Com a palavra...", o presidente da Eternit, Luís Augusto Barbosa, além de falar dos bons recentes números da empresa, minimizou o perigo potencial trazido pelo amianto. Admite que seu uso trazia problemas à saúde de trabalhadores, mas apenas enquanto se desconhecia os riscos. "Desde que se conheceu a doença, o que a indústria fez foi proteger os equipamentos todos, e essa situação passou a ser controlada. Como com tantas outras substâncias perigosas que a indústria usa no dia a dia, como soda cáustica e benzeno", diz. "Houve toda uma comoção por causa de casos [de mortes] na Europa e nos Estados Unidos, e há uma rejeição do mercado [ao amianto]. Nossa decisão de deixar de usar foi muito mais baseada nessa rejeição do que por razões técnicas."
(Veja na íntegra a entrevista)